As Rainhas Guerreiras e a Herança de Grandeza

By Eden

Por que toda Mulher Negra Carrega um Trono nas Costas

A história narrado pela voz do colonizador, encantou o mundo, mas a história de resiliencia e coragem do povo africano o mundo tentou silenciá-las. Mas os seus feitos, os seus nomes não se apagaram. Sobreviveram como segredos sussurrados, como gritos de guerra que o vento não levou.

Elas foram rainhas, estrategistas, mães de nações. E essa não é uma história parada no tempo: é um sangue real que corre nas veias de toda mulher negra, hoje, um legado de comando, inteligência e resistência que exige brilho sempre.

O Passado Real: Quando o Poder Tinha Rosto de Mulher

Nzinga Mbandi não negociou de joelhos. Ela negociou sobre os joelhos, os de sua serva, que se tornou em cadeira, o seu trono humano. Claro que foi um acto de teatro político genial: “Vocês querem me negar um assento? Eu trouxe o meu próprio assento”. Ela sabia que a autoridade não é dada; é tomada.

No Reino do Daomé, as Agojié não eram apenas guerreiras; eram a espinha dorsal de um exército. Eram estratégia pura, disciplina feroz. Elas não pediam licença para ocupar espaços de poder, elas eram o poder.

Nanny dos Maroons e Yaa Asantewaa não lideraram apenas revoltas; lideraram nações em miniatura, com sistemas de governo, justiça e soberania. Elas provaram que a liberdade é um projecto que se constrói com as mãos, mesmo quando algemadas.

Estas não são meras histórias. São provas de conceito.
A prova de que a liderança negra feminina já foi a norma, não a exceção.

A Linhagem que Continua: De Charity Adams a Allyson Felix

Essa linhagem de excelência não morreu no passado, ela se reinventa.

  • Charity Adams, em 1944, não era uma simples oficial. Era a Major Charity Adams, comandante do Batalhão 6888º, o único grupo de mulheres negras do exército dos EUA na Segunda Guerra. Ela liderou 855 mulheres numa missão quase impossível em solo europeu, enfrentando não só o inimigo, mas o racismo e sexismo de seus próprios superiores. Ela foi brilhante porque não tinha opção. A mediocridade era um luxo que sua cor e seu género não permitiam.
  • Allyson Felix, a atleta mais condecorada da história olímpica dos EUA, não correu apenas por medalhas. Correu como acto político. Após quase morrer no parto devido a complicações que afetam desproporcionalmente mulheres negras, ela voltou às pistas e usou sua plataforma para denunciar a Nike por penalizar atletas grávidas. Ela transformou seu corpo num instrumento de poder e advocacy.

Elas, como suas ancestrais, foram brilhantes sempre. Porque a luta não permite meio-termo.

O Esquecimento: Quando a Coroa Fica Empoeirada

Mas e hoje? Muitas de nós fomos levadas a esquecer. Em um mundo que nos reduz a estereótipos, que nos diz que somos “fortes” mas não “suaves”, “resilientes” mas não “vulneráveis”, muitas internalizaram a mentira de que não precisamos ser excelentes. De que podemos ser “apenas normais”.

A pressão é brutal, sim. O cansaço é real. Mas há uma diferença entre descansar e desistir. Entre curar-se e esquecer-se.

Esquecer que carregamos DNA de rainhas é uma forma de violência internalizada. É aceitar a narrativa colonizadora de que nosso lugar não é no topo. É acreditar que a coroa é pesada demais, em vez de lembrar que foi feita para nossa cabeça.

O Chamado: Coroas não se Herdam, Reclamam-se

A herança não é um pacote fechado entregue no nascimento.
É uma chama que deve ser alimentada. É uma voz que deve ser escutada.

Não se trata de ser super-humana todos os dias. Trata-se de lembrar, nos dias mais difíceis, que:

  1. A nossa normalidade já é extraordinária. Andar num mundo que não foi feito para nós e não desistir já é um acto de realeza.
  2. Brilhar é uma responsabilidade, não uma opção. Como Charity, como Allyson, como Nzinga nosso sucesso nunca é só nosso. É um farol para as que virão.
  3. A coroa está à espera. Está guardada, talvez empoeirada, mas intacta. Só precisa ser reclamada.

Você não descende de escravizadas.
Você descende de mulheres que nunca foram escravizáveis.
Você descende de rainhas.

O Trono é seu por Direito

A história de Nzinga, das Agojié, de Nanny e Yaa Asantewaa não é para ser admirada à distância. É para ser habitada.

Charity Adams e Allyson Felix não são exceções, são a regra que insiste em se manifestar.

Que possamos olhar no espelho e ver não apenas uma mulher, mas uma linhagem, não apenas uma lutadora, mas um exército.

O mundo pode ter esquecido as suas rainhas, mas ele se lembrará quando vocé decidir se coroar.

Porque algumas coroas não se usam na cabeça. Carregam-se na postura, no olhar e na coragem de ser brilhante sempre.

massambalamedia@gmail.com
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