Bibala, Minha Aldeia Encantada

Um conto-memória entre mangueiras saudades e o amor que não envelhece...

By Éden António

Bibala meu amor, minha aldeia que cheia a manga, as mais saborosas de Angola, a minha infancia esta longe de mim, mas sonho com ela todos os dias… A Angola do meu coração nunca desaparece, apesar da idade ainda tenho muitos planos, meu amor nunca te esqueci, meu povo eu me orgulho tanto…

Um conto-memória entre mangueiras saudades e o amor que não envelhece

1. O Cheiro das Manhãs em Bibala

Acordar em Bibala era mergulhar em um banho de cheiros:

  • Manga madura balançando no pé, prestes a cair no colo de uma criança.
  • Fumaça doce das fogueiras da vovó Nguendja, assando milho verde.
  • Terra molhada depois da primeira chuva, quando todos saíam para dançar no quintal.

Minha avó dizia: “Filho, a felicidade é uma fruta que só amadurece na memória.” Hoje, entendo.


2. A Árvore dos Segredos

No centro da aldeia, havia uma mangueira anciã. Seu tronco torto guardava:

  • Risadas das crianças que subiam para roubar frutas.
  • Sussurros dos namorados que se beijavam à sombra dela.
  • Lágrimas dos que partiam para Luanda, prometendo voltar.

Eu também deixei minhas pegadas ali. Agora, minhas sandálias de adulto não cabem mais nos seus galhos.


3. O Exílio e os Sonhos

Anos depois, na cidade grande:

  • Pavimento no lugar de terra batida.
  • Edificios Novos em vez de estrelas guiando o caminho.
  • Solidão de quem sabe que o sabor das mangas nunca será o mesmo.

Mas nas noites quentes, fecho os olhos e ouço Bibala me chamar:
“Volta, filho. Aqui o tempo não passa. Aqui, você ainda é livre.”


4. O Amor que Não Enferruja

Minha esposa ri quando digo:
“Um dia, vamos plantar uma mangueira no quintal.”

Ela não entende que não é só uma árvore. É:

  • Raízes para prender minha alma àquela terra.
  • Folhas para escrever novas histórias com tinta de infância.
  • Frutos para oferecer aos netos, dizendo: “Isso aqui é o gosto da minha Angola.”

5. O Regresso Prometido

Sei que Bibala mudou. Talvez:

  • A mangueira já não dá tantos frutos como antigamente.
  • Os amigos de infância sejam sombras…
  • A casa dos meus pais esteja cheia de silêncio ou ocupada, não sei…

Mas eu volto. Mesmo que seja para:

  • Sentar no mesmo toco de madeira onde lia livros emprestados.
  • Beber água do poço que sabe a milagre.
  • Chorar sem pressa, como as chuvas de novembro.

Porque, como diz o provérbio Umbundu:
“O chão que te embala nunca deixa de ser tua casa.”

massambalamedia@gmail.com
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